“A CONSTITUIÇÃO SOU EU “
– Qualquer cidadão deve obediência a constituição!
– Mas eu não sou qualquer cidadão. Sou o presidente dessa porra daí, talkey?
– Mas ninguém está acima da Constituição.
– Eu já falei que a “constituição sou eu”, e acabou. Estou obedecendo a mim mesmo. Tá resolvido.
– Mas a Presidência é só um dos três poderes, que são governados pela Carta magna de 1988.
– Esquece essa porra, agora quem manda nessa caralha toda sou eu, e não se fala mais nisso.
– Mas o senhor está sendo acusado de cometer crime eleitoral, criando e disseminando FakeNews pelo gabinete do ódio, como plataforma eleitoral.
– Peraí! Se os outros fizerem isso daí, aí é crime sim senhor. Mas no nosso caso, foi malandragem nossa nessa “cuestão” dai. Deram mole e o Carluxo, mais esperto, emplacou primeiro, talkey?
– Mas isso é …
– Cala a boca que não terminei. Como fui eleito democraticamente, mandar em você é democracia, mas você querer me fazer respeitar a lei é uma ditadura inconcebível. Esse negócio daí, de “ditadura da democracia”, eu não admito, talkey?
– Não é uma questão de admitir, é uma questão de obediência as regras do regime democrático vigente no Brasil, e ponto final.
– Só quem dá o ponto final nessa porra do caralho sou eu. Perdeu a noção do perigo? E se continuarem a me contrariar, dou logo um ponto final no STF e no Congresso juntos.
– Mas o povo não vai admitir um golpe na democracia.
– Aí é que você se engana, o povo está todo comigo, lotando as ruas com umas 150 cabeças mugindo e defendendo, democraticamente, o fechamento do congresso e o STF.
– Mas tem uma parte do povo nas ruas cobrando transparência, democracia plena, e respeito a Constituição.
– Ah, mas esses dai são uns vagabundos comunistas, vermelhos, terroristas, desocupados, maconheiristas e gayzistas de viés ideológico. Culpa do PT e da China.
– Só não se esqueça que o “O povo unido jamais será vencido”.
– Mudei também esse slogan daí, que é esquerdista e ultrapassado. O novo slogan agora é: “O povo armado será sempre meu gado”. Até porque “democracia no governo dos outros, é refresco”, não é mesmo? Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
(Trecho retirado do texto “REFLEXO DE UM OLHAR PRA DENTRO – Uma longa conversa com o espelho”, do livro com o mesmo título, que está sendo escrito durante a quarentena).
