O lugar é meu
Em dezembro passado, quando Jair Bolsonaro confirmou o ingresso no PL (Partido Liberal), Alfredo Nascimento fez juras públicas de amor eterno ao seu novo líder, junto ao qual marchará contra o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que o fez ministro dos Transportes por duas vezes e certamente avalizou quando a ex-presidente Dilma Rousseff o colocou pela terceira vez no mesmo cargo. Provavelmente mirava uma eleição tranquila para a Câmara Federal, de carona no bonde do atual mandatário da Nação.
Pero no mucho
“Ninguém vai ser mais Bolsonaro do que eu”, bradou o neobolsonarista na ocasião, marcando espaço para garantir lugar privilegiado na direita da direita amazonense. Mas esqueceu que o PL teria que abrir as portas também para bolsonaristas-raiz como Delegado Pablo, eleito deputado federal em 2018 com 151 mil votos, atrás apenas de Zé Ricardo do PT, que beirou os 200 mil votos e foi o campeão daquele pleito.
Buuuuuuuuu
A chegada de Pablo, que deverá aproveitar a janela legal a ser aberta em março para fazer a migração partidária sem perda de mandato, não cria uma sombra para Alfredo, e sim uma verdadeira assombração, que pode mandá-lo para o lendário Balatal mais uma vez se não correr contra o relógio e criar, do zero, uma imagem capaz de encantar o eleitorado dito conservador do Estado.
Ábaco na mão
Não vai ser fácil. O eleitorado atual do Amazonas é de 2,5 milhões de eleitores e, considerando cerca de 2 milhões de votos válidos, o quociente eleitoral para que um partido ou federação partidária conquiste uma cadeira na Câmara Federal ficará na casa dos 250 mil votos, isso contando com o máximo de 9 candidatos por chapa, o que exigirá uma votação média de 27,7 mil votos por candidato.
Juntando resolve?
Caso consigam repetir as votações que obtiveram na última eleição que cada um disputou para a Câmara, Alfredo e Pablo juntos já garantem uma cadeira para o PL. Como Alfredo chegou a 120 mil votos em 2014, e em 2018 Pablo obteve 151 mil, simplisticamente se poderia dizer que os dois têm potencial para 271 mil juntos. É só não escutar o Lulu Santos cantando “nada do que foi será” e tudo pode se resolver.
Fio de esperança
Como o ex-ministro sai em franca desvantagem na comparação de performances com seu futuro companheiro-concorrente, precisará contar que seus outros sete companheiros de chapa consigam juntar 230 mil votos para lhe garantir a segunda cadeira sem precisar depender de repescagem na briga por eventuais vagas remanescentes.
Quem te viu
Uma situação no mínimo incômoda para quem exibe um currículo que pouquíssimos políticos têm, que além de ter sido três vezes ministro inclui um mandato como senador, outro como deputado federal, dois como prefeito de Manaus, um como vice-governador do Estado e passagens pelos comandos da Suframa e de secretarias estaduais e municipais.