FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

 1995 – 2002

 A aliança  entre os tucanos, social-democratas, e o Partido da Frente Liberal, formado de políticos conservadores, muitos apoiadores do regime militar, proporcionou a vitória do ex-professor da USP, o respeitado sociólogo Fernando Henrique Cardoso. O que causou surpresa foi um intelectual de esquerda virar para o centro e ser duramente criticado pela oposição, principalmente pelo PT, de ser um neoliberal e de ter um programa de governo que não contemplava o social. As críticas chegaram mesmo ao slogan Fora,FHC, o que foi interpretado como uma tentativa de golpe contra o presidente eleito. A oposição não perdoou a mudança ideológica de Fernando Henrique, autor de livros clássicos de conteúdo marxista, e atribuiu a ele a frase ‘’Esqueçam tudo o que escrevi’’, o que ele sempre negou. Quando Lula subiu ao poder, os tucanos devolveram com a frase ‘’Esqueçam tudo o que disse’’. De certa forma, a radicalização política ficou entre o Esqueçam o que escrevi contra o Esqueçam o que eu disse…

FHC chegou ao poder cavalgando o sucesso do Plano Real, da queda da inflação e de uma conjuntura mundial favorável ao Brasil, cenário que mudaria.Seus assessores diziam que haveria um take off da economia em direção ao Primeiro Mundo. Com a popularidade obtida no governo Itamar, Fernando Henrique venceu com mais da metade dos votos todos os outros candidatos, inclusive o carismático Lula. Mas foram grandes os desafios que se apresentaram ao governo: o controle da inflação proporcionou uma melhoria no poder de compra da população, que passou a entender o que era o preço relativo dos produtos e serviços. Não havia mais a necessidade de sair correndo para o supermercado, nem tinha a sensação de que os preços não iriam subir, nem os produtos sumir das gôndolas, como nos planos anteriores.

O inegável êxito da política econômica se transformou no principal mote da publicidade do governo, que, a cada vez que a oposição aumentava o tom, acusava-a de estar contra o Brasil e não contra o governo. De 1994 a 1998, a inflação caiu 916% para menos de 2% ao ano. A renda média subiu de R$ 715,00 em 1993 para R$930,00 em 1998. E quem nunca tinha comido frango e iogurte pôde enfim se dar a esse luxo.

Charges de Jack Cartoon, originalmente publicadas no jornal Amazonas Em Tempo entre 1995 e 2007

Só o PIB não decolava no governo tucano: em 1998 foi de zero por cento.Para segurar a inflação, o governo autorizou a importação de alguns produtos, e com mais dinheiro a população entendeu que era o liberou geral. Com isso, o déficit da balança comercial aumentou,o que obrigou o governo a aumentar os juros para atrair capitais especulativos, ou, como se dizia popularmente, capital-motel,de curta permanência. O arrojo no crédito provocou quebradeira em muitas empresas e o índice de desemprego foi parar nas alturas.

Os tucanos tinham um projeto de governo de pelo menos uns 20 anos. O governador de São Paulo, Mário Covas, era candidatíssimo na eleição de 1998. Não Havia reeleição, mas Fernando Henrique e a cúpula tucana deram um jeito. Mudaram a Constituição e instituíram a reeleição. A imprensa divulgou que houve corrupção e que alguns deputados venderam o voto, outros conseguiram barganhar benesses com o governo.

O fato é que pela segunda vez FHC levou logo no 1º turno. Coisa que seu seguidor tentaria, sem sucesso, apesar do enorme carisma entre as classes mais desfavorecidas. Tudo parecia dar certo no governo tucano.

Mas  aí vieram as crises internacionais. Foram nada mais, nada menos do que cinco. Nem bem começou o segundo mandato, estourou a crise mexicana, que abalou os mercados e a provocou a retração dos juros e veio a consequente diminuição do crescimento e aumento do desemprego.

Esta foi uma gangorra que o governo não conseguiu derrubar. Mais do que nunca ficou claro que, se o Brasil queria crescer, precisaria se atirar no fluxo mundial de capitais e do comércio, e a contrapartida seria sofrer todas as marolas econômicas, boas ou ruins. A oposição, principalmente o PT, como sempre, aumentou o tom das críticas, acusando FHC de entregar o Brasil ao capital estrangeiro e provocar uma desnacionalização das empresas brasileiras. O grito ‘’ Fora, FMI’’ reunia o PT, setores da Igreja Católica e o Movimento dos Sem-Terra. O MST invadiu propriedades rurais, exigiu uma reforma agrária com a desapropriação de terras e chegou mesmo a invadir uma fazenda do presidente em Minas Gerais e beber todo uísque de sua adega. O confronto entre o PSDB e PFL, de um lado, e o PT e partidos de esquerda, de outro, acendeu o debate ideológico de um projeto nacional e para onde cada um queria levar o país.  A esquerda acusava os tucanos de neoliberalismo, e estes retrucavam acusando a esquerda de querer reviver os mitos socialistas derrubados com o Muro de Berlim, em 1989.

A decolagem econômica do Brasil pregada pelos tucanos de vários tons de plumagens teve que ser abortada em plena arremetida. O capitalismo global passou por crises maiores ou menores que comprometeram a estabilidade do segundo período  de FHC, atrofiando o crescimento, insuflando a volta da inflação, o aumento da dívida pública e a queda da popularidade do presidente e de seus aliados. O governo iniciou um processo de privatização de empresas estatais, e pôs à venda as empresas de telefonia e comunicações, eletricidade, e promoveu a abertura do capital da Petrobras e da Companhia Vale do Rio Doce, um dos Ícones da era Vargas e da esquerda nacionalista. E os  sem-voto sempre denunciando: denúncias de propina, de favorecimento de grupos econômicos não faltaram, e incentivaram o slogan petista de ‘’Fora, FHC’’, que os tucanos qualificaram de golpismo.

A turbulência da economia mundial despencou sobre o Plano Real.Juros altos, inflação alta e dívida pública explosiva, R$ 623bilhões em 2002. Em 2008, já no governo Lula, beirou um trilhão de reais!!! As contas externas apresentaram déficit e o Brasil foi obrigado a recorrer ao FMI e a um empréstimo dos Estados Unidos.

Dali para a frente ficou claro para todos: o que é bom para o mundo, é bom para o Brasil, e vice-versa. Não havia alternativa a não ser aderir. A falta de investimentos em infra-estrutura e o baixo índice de chuvas em três anos seguintes obrigaram o governo a impor uma restrição ao consumo de energia elétrica, que ficou carinhosamente conhecido como apagão (não o aéreo, o outro). O Brasil iniciou investimentos pesados no gás natural como complemento energético, com produto fornecido pela Petrobras e pela Bolívia, com a construção de um gasoduto entre os dois países. Já no governo Lula, o presidente boliviano Evo Morales invadiu as instalações da Petrobras e nacionalizou  à força as jazidas de gás. Na maior. A turbulência econômica desgastou o governo. O candidato tucano José Serra; ex-ministro da Saúde, criador dos populares genéricos, rompeu a coligação com PFL e aliou-se ao fisiológico PMDB. O PT lançou Lula pela quarta vez, só que agora aliado a um partido de direita, o Partido Liberal, ou República, que indicou o empresário conservador mineiro José Alencar como vice. Impensável para um partido que expulsou deputados porque votaram em Tancredo Neves, alguns anos antes. Sem falar na Carta aos Brasileiros.

Charges de Jack Cartoon, originalmente publicadas no jornal Amazonas Em Tempo entre 1995 e 2007

Faixa Cronológica período FHC

2001

MARÇO –morre Mário Covas, no InCor de São Paulo.

ABRIL- é criado o Programa Nacional do Bolsa-Escola, com a proposta de conceder benefício monetário mensal a famílias brasileiras em troca da manutenção de suas crianças nas escolas.

JUNHO – o então senador Antonio Carlos Magalhães e o deputado José Roberto Arruda renunciam a seus mandatos, para não serem cassados por quebra de decoro parlamentar, na sequencia do escândalo de violação do painel eletrônico.

SETEMBRO – Toninho do PT, prefeito de Campinas, é assassinado a tiros; Jader Barbalho renuncia à presidência do Senado.

OUTUBRO – Jader abdica também de seu mandato, para impedir que o processo por quebra de decoro parlamentar instaurado contra ele pelo Concelho de Ética tenha sequencia.

 

O apresentador e dono do SBT, Silvio Santos sofreu um sequestro logo após sua filha, Patricia Abravanel, ficar presa em cativeiro por uma semana em 2001.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Casa dos Artistas foi uma série de reality show brasileira exibida pelo SBT entre 2001 e 2004, composto por um grupo de celebridades disputando o prêmio principal. O final da primeira temporada, exibido em 16 de dezembro de 2001.


APAGÃO

O setor elétrico enfrenta dificuldades pela falta de investimentos e pela escassez de chuvas nos reservatórios das hidrelétricas. Assim, em 2001, entra em colapso e o país enfrenta um custoso racionamento de energia elétrica. Além de serem obrigados a reduzir o consumo de eletricidade em 20%, os consumidores ainda têm de arcar com um seguro para o aluguel de usinas termoelétricas. Já as indústrias são obrigadas a um racionamento de 35%.

 

” FHC trabalhou para que eu fosse cassado. trabalhou muito no início, depois ficou amedrontado” (27 de maio 2001 preparando seu discurso de renúncia) ACM

 

“Como podem as rãs falar de mar se elas sempre viveram no brejo” ACM
Charge de Chico Caruso

Na charge acima, os senadores Jader Barbalho e Antônio Carlos Magalhães.

Na charge acima, Roseana Sarney e Lula.

 

 

 

AMIGOS

Para ACM, Jader Barbalho é ladrão, sonegador, mau-caráter, falso e intrigante. Para Jader, ACM é destemperado, corrupto, truculento e desprovido de compostura. Interrompo meu descanso para dizer. QUE CONCORDO COM OS DOIS. ( Iza Salles) 2001

Na charge acima, Os senadores Jader Barbalho e Antônio Carlos Magalhães ACM.

CENSURA PROÍBE “QUERO SER ACM” E “QUERO SER JADER BARBALHO” PARA MENORES DE 18 ANOS.


” VEJA QUE IRONIA: Eu com esse processo de cassação, e eles vão soltar o LALAU (EX-juiz Nicolau dos Santos Neto)” (7 de maio 2001, sobre sua renúncia ao senado) ACM

“NÃO FAÇO AVALIAÇÃO. Não sabia dessa fita. Agora, acho que ela é grave e tenho notícias de que há outras até com autorização judicial” (12/02/2001,sobre as conversas gravadas em fitas falando das supostas negociações financeira para filiação de deputados no PMDB.)

Charge de Chico Caruso
Charge de Chico Caruso

 

Charge de Paulo Caruso
Charge Paulo Caruso
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