ESQUEÇAM O QUE ESCREVI
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 11 de janeiro de 2002
Um balanço crítico e bem-humorado do último ano 2002 de FHC no poder
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
1995 – 2002
A aliança entre os tucanos, social-democratas, e o Partido da Frente Liberal, formado de políticos conservadores, muitos apoiadores do regime militar, proporcionou a vitória do ex-professor da USP, o respeitado sociólogo Fernando Henrique Cardoso. O que causou surpresa foi um intelectual de esquerda virar para o centro e ser duramente criticado pela oposição, principalmente pelo PT, de ser um neoliberal e de ter um programa de governo que não contemplava o social. As críticas chegaram mesmo ao slogan Fora,FHC, o que foi interpretado como uma tentativa de golpe contra o presidente eleito. A oposição não perdoou a mudança ideológica de Fernando Henrique, autor de livros clássicos de conteúdo marxista, e atribuiu a ele a frase ‘’Esqueçam tudo o que escrevi’’, o que ele sempre negou. Quando Lula subiu ao poder, os tucanos devolveram com a frase ‘’Esqueçam tudo o que disse’’. De certa forma, a radicalização política ficou entre o Esqueçam o que escrevi contra o Esqueçam o que eu disse…
FHC chegou ao poder cavalgando o sucesso do Plano Real, da queda da inflação e de uma conjuntura mundial favorável ao Brasil, cenário que mudaria.Seus assessores diziam que haveria um take off da economia em direção ao Primeiro Mundo. Com a popularidade obtida no governo Itamar, Fernando Henrique venceu com mais da metade dos votos todos os outros candidatos, inclusive o carismático Lula. Mas foram grandes os desafios que se apresentaram ao governo: o controle da inflação proporcionou uma melhoria no poder de compra da população, que passou a entender o que era o preço relativo dos produtos e serviços. Não havia mais a necessidade de sair correndo para o supermercado, nem tinha a sensação de que os preços não iriam subir, nem os produtos sumir das gôndolas, como nos planos anteriores.
O inegável êxito da política econômica se transformou no principal mote da publicidade do governo, que, a cada vez que a oposição aumentava o tom, acusava-a de estar contra o Brasil e não contra o governo. De 1994 a 1998, a inflação caiu 916% para menos de 2% ao ano. A renda média subiu de R$ 715,00 em 1993 para R$930,00 em 1998. E quem nunca tinha comido frango e iogurte pôde enfim se dar a esse luxo.
Só o PIB não decolava no governo tucano: em 1998 foi de zero por cento.Para segurar a inflação, o governo autorizou a importação de alguns produtos, e com mais dinheiro a população entendeu que era o liberou geral. Com isso, o déficit da balança comercial aumentou,o que obrigou o governo a aumentar os juros para atrair capitais especulativos, ou, como se dizia popularmente, capital-motel,de curta permanência. O arrojo no crédito provocou quebradeira em muitas empresas e o índice de desemprego foi parar nas alturas.
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 23 de janeiro de 2002
Charges de Jack Cartoon, originalmente publicadas no jornal Amazonas Em Tempo entre 1995 e 2007
Os tucanos tinham um projeto de governo de pelo menos uns 20 anos. O governador de São Paulo, Mário Covas, era candidatíssimo na eleição de 1998. Não Havia reeleição, mas Fernando Henrique e a cúpula tucana deram um jeito. Mudaram a Constituição e instituíram a reeleição. A imprensa divulgou que houve corrupção e que alguns deputados venderam o voto, outros conseguiram barganhar benesses com o governo.
O fato é que pela segunda vez FHC levou logo no 1º turno. Coisa que seu seguidor tentaria, sem sucesso, apesar do enorme carisma entre as classes mais desfavorecidas. Tudo parecia dar certo no governo tucano.
JOSÉ EMPERRA: Quando todos achavam que com a saída da Roseana o Serra ia crescer, quem cresce é o Garotinho.
JOSÉ FERRA: Começou a campanha acabando com a Roseana Sarney, tirando a candidata da disputa.
Mas aí vieram as crises internacionais. Foram nada mais, nada menos do que cinco. Nem bem começou o segundo mandato, estourou a crise mexicana, que abalou os mercados e a provocou a retração dos juros e veio a consequente diminuição do crescimento e aumento do desemprego.
Charge O Ralho > Jack Cartoon
JOSÉ GUERRA: Serra parte pra luta contra o Garotinho. Surgem as famosas fitas cassete comprometedoras.
Charge O Ralho > Jack Cartoon
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 21 de março de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 2 de outubro de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 2 de maio de 2002
Esta foi uma gangorra que o governo não conseguiu derrubar. Mais do que nunca ficou claro que, se o Brasil queria crescer, precisaria se atirar no fluxo mundial de capitais e do comércio, e a contrapartida seria sofrer todas as marolas econômicas, boas ou ruins. A oposição, principalmente o PT, como sempre, aumentou o tom das críticas, acusando FHC de entregar o Brasil ao capital estrangeiro e provocar uma desnacionalização das empresas brasileiras. O grito ‘’ Fora, FMI’’ reunia o PT, setores da Igreja Católica e o Movimento dos Sem-Terra. O MST invadiu propriedades rurais, exigiu uma reforma agrária com a desapropriação de terras e chegou mesmo a invadir uma fazenda do presidente em Minas Gerais e beber todo uísque de sua adega. O confronto entre o PSDB e PFL, de um lado, e o PT e partidos de esquerda, de outro, acendeu o debate ideológico de um projeto nacional e para onde cada um queria levar o país. A esquerda acusava os tucanos de neoliberalismo, e estes retrucavam acusando a esquerda de querer reviver os mitos socialistas derrubados com o Muro de Berlim, em 1989.
DENGUE PROLIFERA NO PAÍS, PREOCUPANDO O ENTÃO MINISTRO DA SAÚDE, JOSÉ SERRA.
A decolagem econômica do Brasil pregada pelos tucanos de vários tons de plumagens teve que ser abortada em plena arremetida. O capitalismo global passou por crises maiores ou menores que comprometeram a estabilidade do segundo período de FHC, atrofiando o crescimento, insuflando a volta da inflação, o aumento da dívida pública e a queda da popularidade do presidente e de seus aliados. O governo iniciou um processo de privatização de empresas estatais, e pôs à venda as empresas de telefonia e comunicações, eletricidade, e promoveu a abertura do capital da Petrobras e da Companhia Vale do Rio Doce, um dos Ícones da era Vargas e da esquerda nacionalista. E os sem-voto sempre denunciando: denúncias de propina, de favorecimento de grupos econômicos não faltaram, e incentivaram o slogan petista de ‘’Fora, FHC’’, que os tucanos qualificaram de golpismo.
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 19 de julho de 2002
A turbulência da economia mundial despencou sobre o Plano Real.Juros altos, inflação alta e dívida pública explosiva, R$ 623bilhões em 2002. Em 2008, já no governo Lula, beirou um trilhão de reais!!! As contas externas apresentaram déficit e o Brasil foi obrigado a recorrer ao FMI e a um empréstimo dos Estados Unidos.
FHC PEDE RETRATAÇÃO DO FMI POR DECLARAÇÕES CONTRA A POLÍTICA MONETÁRIA DO BRASIL.
Dali para a frente ficou claro para todos: o que é bom para o mundo, é bom para o Brasil, e vice-versa. Não havia alternativa a não ser aderir. A falta de investimentos em infra-estrutura e o baixo índice de chuvas em três anos seguintes obrigaram o governo a impor uma restrição ao consumo de energia elétrica, que ficou carinhosamente conhecido como apagão (não o aéreo, o outro). O Brasil iniciou investimentos pesados no gás natural como complemento energético, com produto fornecido pela Petrobras e pela Bolívia, com a construção de um gasoduto entre os dois países. Já no governo Lula, o presidente boliviano Evo Morales invadiu as instalações da Petrobras e nacionalizou à força as jazidas de gás. Na maior. A turbulência econômica desgastou o governo. O candidato tucano José Serra; ex-ministro da Saúde, criador dos populares genéricos, rompeu a coligação com PFL e aliou-se ao fisiológico PMDB. O PT lançou Lula pela quarta vez, só que agora aliado a um partido de direita, o Partido Liberal, ou República, que indicou o empresário conservador mineiro José Alencar como vice. Impensável para um partido que expulsou deputados porque votaram em Tancredo Neves, alguns anos antes. Sem falar na Carta aos Brasileiros.
FHC SE ESFORÇA PARA EMPLACAR A CAMPANHA INÓCUA DE JOSÉ SERRA À PRESIDÊNCIA.
APESAR DO ESFORÇO DO PLANALTO, CAMPANHA DE SERRA À PRESIDÊNCIA NÃO DESLANCHA.
GOVERNO AUTORIZA MAIS AUMENTO DOS COMBUSTÍVEIS.
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 30 de junho de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 19 de dezembro de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 24 de fevereiro de 2002
JOSÉ SE ENTERRA: Tenta enterrar o Lula mas acaba se enterrando mais ainda. A comparação com a Argentina e com a Venezuela deu resultado contrário. Lula sobe nas pesquisas, não aceita mais de um debate e deixa o Serra se debatendo sozinho.
JOSÉ ENSERRA: Serra perde feio. Até porque para perder bonitinho, só com umas plásticas.
A família Scolari encara a Alemanha e leva o penta. O goleiro Oliver Kahn, que falhou em um dos dois gols de Ronaldo na final, é eleito o melhor do mundial pela FIFA. Festa Nacional. Felipão dá o troco a Pelé. FHC fatura.
EM BAIXA NAS PESQUISAS ELEITORAIS, JOSÉ SERRA DIZ QUE SEU ADVERSÁRIO, LULA, ESTÁ FUGINDO DO DEBATE.
Serra , que deixara o ministério da Saúde em fevereiro, ganhou a vice: Rita Camata, lindinha peemedebista do Espírito Santo é a preferida. Recebida com merecidos aplausos na casa do poder, logo implanta um novo estilo na candidatura.
SERRA CONTINUA CAINDO NAS PESQUISAS.
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 28 de agosto de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 27 de junho de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 25 de abril de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 4 de julho de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 7 de maio de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 28 de dezembro de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 5 de maio de 2002
FERRARI ORDENA RUBINHO A FAVORECER SCHUMACHER DURANTE PROVA.
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 14 de maio de 2002
No circo da Fórmula 1, palhaçada: o piloto brasileiro Rubens Barrichello é obrigado a ceder a vitória ao alemão Michael Schumacher por ordem da Ferrari. A indignação mundial fez o esporte rever a máxima do barão de Coubertin: o importante é competir? Uma pinóia!
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 1 de fevereiro de 2002
SERRA COBRA MAIS APOIO DO GOVERNO FEDERAL À SUA CAMPANHA.
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 10 de agosto de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 4 de abril de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 23 de setembro de 2002
NAVEGAR É PRECISO…
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 14 de novembro de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 28 de dezembro de 2002
ELEITO PRESIDENTE, O EX-TORNEIRO MECÂNICO LULA TEM PELA FRENTE UM PAÍS EM CRISE EM DIVERSOS SETORES.
ANTES MESMO DE ASSUMIR, LULA JÁ FALA E AGE COMO PRESIDENTE.
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 20 de novembro de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 26 de novembro de 2002
POUCO TEMPO DEPOIS DE ELEITO PRESIDENTE, LULA VIAJA AOS EUA E É RECEBIDO POR GEORGE W. BUSH.
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 29 de outubro de 2002
Começa os debates. Quem dá mais? Quem dá menos? Garotinho, nada a perder, bate mais descontraído. Lula paz-e-amor é o vencedor, FH saco-de-pancada, o grande perdedor.
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 19 de outubro de 2002
ENQUANTO ISSO, NA POLÍTICA AMAZONENSE…
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 4 de abril de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 5 de janeiro de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 5 de março de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 28 de setembro de 2002
JACK. Jornal Amazonas Em Tempo, 19 de novembro de 2002